terça-feira, 9 de agosto de 2016

Uma outra visão do holocausto



Centenas de filmes já foram feitos abordando o nazismo e as atrocidades que os judeus sofreram nas mãos dos algozes alemães.
Tantos que talvez tenham banalizado o tema.

Por isso, me surpreendeu Memórias Secretas (Remember), onde dois judeus idosos, quase no final na vida, realizam uma perseguição ao comandante nazista que eliminou suas famílias em Auschwitz.
Um deles, imobilizado em um asilo, organizando e comandando o roteiro de busca do outro. que foge e segue as coordenadas. O final é surpreendente, o que considero qualidade básica em uma história.

Christopher Plummer arrasando como o caçador e Martin Landau convincente como o arquiteto da caçada, vale a pena assisti-los em ótima forma e comprovar que a velhice não desqualifica as pessoas.

"Estamos perdendo a memória da História. Temos estado tão sobrecarregados de narrativas de violência que tendemos a esquecer como é a mecânica dela . É muito fácil abstrair parte de nossa sociedade, uma raça, um povo, e vitimizá-los. Daí que criamos essas atrocidades, tanto no caso do genocídio judeu quanto no do armênio. Acho que, quando encontramos um modo diferente de abordá-las, estamos fazendo um alerta sobre esse tipo de tragédia." (Atom Egoyam/cineasta realizador do filme)

Atom Egoyam mostra trama de vingança em "Memórias secretas"

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Mulheres Maravilhosas da telinha e do telão

Esse marcador vai homenagear personagens femininos de filmes do telão e da telinha, sejam elas baseadas em gente de carne e osso ou pura ficção.

A primeira da série, Seymour Fleming/Lady Worsley, é interpretada por Natalie Dormer na produção da BBC 2, The Scandalous Lady W. 

Na lei do século 18, as mulheres eram propriedade de seus maridos, e qualquer homem que "danificasse" essa propriedade poderia ser processado no tribunal.
Conheçam a história de um mulher que ousou libertar-se e lutar por sua independência, mesmo tendo que revelar tudo a que submeteu-se para agradar e ser aceita por seu "dono".
Mais que um escândalo sexual, uma história de superação e rebeldia.

Vale a pena assistir ao filme e ler mais a respeito da vida de Lady W, ou Seymour Fleming, seu nome de solteira e que ela quis preservar.

A verdadeira história de Lady Worsley





Quadro pintado por Joshua Reynolds, onde Lady W veste um traje de montaria adaptado do uniforme do regimento de seu marido e que encontra-se na Harewwod House/England, e ao lado, Natalie Dormer usa uma reprodução dele confeccionada para o filme.




Seymour e seu amor, o Capitão George Bisset, com que fugiu esperando conseguir o divórcio de seu marido, Sir Richard Worsley.










A beleza e a garra de uma mulher que lutou por sua liberdade e idependência, numa época em que isso era praticamente impossível de ser obtido.



TRAILER - BBC Two



terça-feira, 5 de julho de 2016

O que fazer enquanto GOT não retorna













Essa postagem é, principalmente, dirigida a fãs de carteirinha de Game of Thrones.
E já vou avisando que tem SPOILERS, para quem pretende assistir ou está ainda nas primeiras temporadas.

Já que agora teremos um longo hiato de Game of Thrones, decidi rever a série desde seu primeiro episódio e reler alguns dos livros, dá pra matar a saudade e relembrar situações um tanto esmaecidas. Estou seguindo uma rotina: leio as páginas do livro relacionadas com determinado episódio e depois assisto a ele. Assim fiz com o primeiro episódio, que inicia e termina de forma bombástica, o que deve ter conquistado imediatamente milhares de interessados na história. As primeiras cento e poucas páginas de A Guerra dos Tronos/Livro Um retratam quase que fielmente o que vemos nas imagens da série (há pequenas diferenças que alguns notarão, por exemplo, no livro Bran tem 7 anos e na série, 10).

Dá uma certa tristeza observar a vida harmoniosa e feliz que os Stark tinham em Winterfell e saber que a família seria praticamente aniquilada em momentos de muita amargura e dor. Ver Theon Greyjoy como um jovem agregado deles, ainda portando um bilau e sua dignidade. Enxergar Daenerys como uma jovem inocente e abusada pela tirania de seu irmão Viserys (que era lindo mas muito mau), sem seus dragões e saber o quanto ela vai evoluir, tornado-se poderosa. E recordar o quanto Jaime e Cersei eram cruéis e por isso não ter nem um pingo de piedade por seus futuros sofrimentos, principalmente os da Rainha traiçoeira e egoísta. E chorar pela ruína de Bran, o que no entanto o levará a ser espiritualmente abençoado por um poder especial.

Praticamente, todos os personagens deste primeiro episódio estão mortos. Os que permanecem vivos, atravessaram muitas mudanças e transformaram-se drasticamente. E é nisso que a ficção espelha a realidade - ou a realidade inspira a ficção? Não temos a habilidade de imaginar nosso futuro, por mais que tentemos racionalizar, qualquer coisa pode acontecer que mude totalmente nossa trajetória. E tanto os "bons" quanto os "maus" podem ser castigados ou premiados, só entenderemos isso se olharmos os fatos de uma maneira global, não apenas as partes, mas o Todo. E a imortal luta entre o Bem e o Mal existe tanto no mundo real e no mundo criado pela imaginação humana, não terminará nunca porque é através dela que acontecem as alterações e elimina-se a estagnação.

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Verdade, onde te escondes, queremos te encontrar!


Acabei de assistir ao filme TRUTH (Conspiração e Poder - detesto a maior parte destas versões de títulos para o português...), sensacional, precisa ser visto por jornalistas e qualquer pessoa que queira saber sobre jogos de poder entre a mídia (empresas) e os governos, que queira saber sobre o que rola nos bastidores, enfim, que deseje saber sobre as verdades que nos ocultam, as mentiras que nos entregam maquiadas como reais.

É daqueles filmes que quando acabam te deixam com a mente pulsando por mais e mais informação, e com o coração emocionado e com mais vontade de lutar por um ideal, seja ele utópico ou não.

É baseado em uma história real, o que o deixa mais formidável ainda.

E sem esquecer de citar a sempre fabulosa presença de Cate Blanchett como a jornalista produtora da CBS, Mary Papes e do enrugadíssimo mas ainda viril e talentoso Robert Redford, como o âncora Dan Rather, ambos envolvidos em seu trabalho para transmitir fatos, embora sempre haja alguém desejando que estes fatos sejam tidos como improváveis e falsos.

Especialmente recomendado a estudantes de Comunicação Social/Jornalismo e a quem pensa em entrar nessa bela e difícil carreira, hoje com sua reputação tão manchada, mas ainda podendo retornar ao caminho da ética - nem tudo está perdido, acredito nisso para continuar saindo da cama a cada manhã.

segunda-feira, 28 de março de 2016

Bad transformation

Difícil aceitar que Jeffrey Dean Morgan transforma-se do sensual e caliente Jason de The Good Wife no próximo vilão de The Walking Dead, o brutal Negan.
Sem esquecer que ele já foi o mega pai dos mocinhos de Supernatural.
Fazer o Q?????

John Winchester, o heróico pai-caçador de entidades maléficas, em Supernatural


Jason, o investigador charmoso, namorando Alícia, The Good Wife


Negan, o  líder violento e assassino, em The Walkin Dead (a partir da sétima temporada)




The Walking Dead - sexta temporada na reta final

Nem ia comentar, mas The Walking Dead tá naquela fase em que só te deixa triste e desanimado, gente querida morrendo e bandidos se dando bem.
E no próximo episódio - o final desta temporada, a sexta - ainda vou ter que engolir meu querido herói de tantas séries, Jeffrey Dean Morgan, bancando o vilão.
Pô, já não basta a dura realidade?


Pra não dizer que é só choro e ranger de dentes...


E o amor impossível, mas profundo...


sábado, 16 de janeiro de 2016

Carol - The price of salt



















Carol (The Price of Salt) é um livro escrito por Patricia Highsmith, publicado em 1952 sob pseudônimo e que aborda um tema sensível e ainda bastante marginalizado nessa época: a relação amorosa entre duas mulheres, mais precisamente um relacionamento homossexual.

Li uma edição do Círculo do Livro nos anos 80 (que saudades desse clube de livros!) e agora assisti ao filme baseado nele, que já seria fantástico para mim só pela preseça da musa Cate Blanchett (até eu me apaixonaria por ela nessa história...). Vale a pena ler o livro, ver o filme, escutar a trilha sonora maravilhosa, viajar com elas através dos percalços e das alegrias da jornada em busca da realização do que seus corações realmente desejavam.

Segue uma trecho do pósfacio dessa edição, já vou avisando que tem SPOILER! Nesse texto ela também conta que a história de Carol foi baseada num fato que aconteceu com ela, quando trabalhava numa loja na seção de brinquedos, durante o rush natalino, atendendo "uma mulher aloirada, de casaco de pele." Ela foi para casa depois desse encontro e escreveu 8 páginas em duas horas: "Era a história inteira (...) Fluiu da minha caneta como se do nada - começo, meio e fim."

"Minha jovem protagonista, Therese, pode parecer uma violeta tímida no livro, mas naquele tempo os bares gays eram uma porta escura em algum lugar de Manhattan, era uma época em que as pessoas que queriam ir a um determinado bar desciam do metrô uma estação antes ou uma depois da parada certa para que ninguém suspeitasse de que eram homossexuais. O atrativo de O preço do sal era que tinha um final feliz para suas duas personagens principais, ou pelo menos iriam tentar ter um futuro juntas. Antes desse livro, os homossexuais, homens ou mulheres, nos romances norte-americanos tinham que pagar por seu desvio cortando os pulsos, afogando-se em piscinas ou virando heterossexuais (assim era dito), ou então sucumbindo - sós, infelizes e alijados - numa depressão pior do que o inferno Muitas das cartas que chegaram a mim traziam mensagens do tipo "Seu livro é o primeiro desse tipo com um final feliz! Nem todos nós cometemos suicídio e muitos de nós estamos muito bem"."

Um simples encontro que originou um livro sensacional, que ajudou a mudar a vida de muitas pessoas, conforme contam as cartas que Patrícia Highsmith, recebeu por muitos anos. E agora, virou esse filme belíssimo.
Dose dupla de qualidade.