quarta-feira, 24 de junho de 2015

True Detective Parte 2 - outra história, mesma competência




True Detective está de volta.
Uma segunda temporada diferente na íntegra de sua antecessora: nova história, novos personagens, novo elenco.
Gostei imensamente da primeira, que abriu caminho para esta trama policial diferenciada, real e crua.
Mas apesar disso, não senti saudades dela, já que esse primeiro episódio foi fantástico, ofereceu tudo que a série promete.
Confiram, é cinema feito pela televisão.
Quem acha que as séries de tv são novelinhas globalizadas para entreter descerebrados, engana-se.
É um veículo cultural que não para de crescer, transformando-se rapidamente e com qualidade.

                                    Matéria publicada na Veja/junho 2015

segunda-feira, 22 de junho de 2015

When the moon, is in the seventh house...


Tropecei por acaso nesta série e gostei, de cara, do título - Aquarius - da época em que ela acontece - anos 60 - e da participação central do eterno "Mulder" David Duchovny como um policial, ainda carregando um pouco das caras e bocas de seu personagem em Californication.
Há poucos dias, contei que tinha ficado feliz em encontrar uma série com um agente da lei durão - Bosch - e acabei encontrando outra, apesar de que o detetive Sam Hodiak não é nada ético como Harry Bosch.
O fio central da narrativa investiga as atividades de Charles Mason e seu grupo de seguidores, desde o sequestro (ou sedução) de uma pobre menina rica em 1967 até o conhecido assassinato de Sharon Tate e amigos em sua mansão, em 1969.
Estão previstas 6 temporadas, sendo que a primeira já está acessível, com 13 episódios, e se a série conseguir mesmo cumprir esse calendário, "a trama poderá sofrer um salto no tempo, levando os personagens para o ano de 1983, quando Manson começou a dar entrevistas, contando seu lado da história."
No início dos episódios, lemos o seguinte: "Inspirada em parte por eventos históricos, contém personagens, lugares e circunstâncias fictícias". A recriação desse momento revolucionário e que alterou profundamente o curso dos acontecimentos está presente nas cenas que abordam a Guerra do Vietnã, a rebelião dos jovens nas ruas em confronto com as autoridades, as comunidades hippies, o uso abusivo e experimental de drogas, o questionamento da burguesia representada pelos adultos e o poder do dinheiro, a luta dos negros por igualdade de direitos e condições (Panteras Negras), enfim, um clima explosivo de mudanças.
A violência policial era marcante na época, e os tiras durões existiam como regra, o cidadão podia ser preso sem saber dos seus direitos (ainda temos muito disso agora...). Inclusive há um clima de piada sobre a leitura destes direitos na hora em que são efetuadas as prisões, os policiais não sabiam o texto de cor e levavam um papel com ele no bolso. Sam Hodiak é esse profissional sem escrúpulos, violento, durão, mas também inteligente, esperto, afetuoso e sedutor, conhecido nas delegacia por ser o sujeito que faz acontecer, enfim, resolve os casos e pega os bandidos, do que reclamar?
Outro policial, a antítese de Hodiak, é seu parceiro Brian Shafe (Grey Damon), que trabalha disfarçado num caso da Narcóticos, mas acaba envolvendo-se com a investigação sobre Mason, na Homicídios. Os dois juntos são o mestre e o aprendiz, mas ambos vivem esse papeis de forma alternada. Quem está ensinando a quem? O policial rebelde, contestador ou o policial raçudo, violento? Os dois podem estar simbolizando a mudança que ocorria no mundo naqueles anos, os lados opostos que debatiam-se, um tentando manter o poder à força e outro buscando assumi-lo pela paz.
Já sabemos quem saiu vencendo...


quinta-feira, 18 de junho de 2015

The Whispers: um conto de Ray Bradbury

The Illustrated Man (que recebeu a tradução de Uma Sombra Passou por aqui no Brasil) é um livro de FC escrito por Ray Bradbury.
Nele estão contidos 18 contos, cada um deles inspirado em uma das tatuagens que cobrem o corpo do "homem ilustrado".
Segundo ele, foram feitas por uma mulher do futuro, e sua rotina é sair vagando pelo mundo, de cidade em cidade. Quando alguém fixa o olhar numa destas figuras, elas tornam-se animadas, e a história começa.


O livro foi adaptado para o cinema em 1969, com Rod Steiger e Claire Bloom nos papéis principais.


Recentemente foi criada uma série, The Whispers, que baseia-se em um dos contos de The Illustrated Man - Zero Hour, onde alienígenas manipulam a inocência das crianças para invadir a Terra, usando como subterfúgio um "amigo imaginário". Porém, esta história já foi vista na televisão, na série chamada The Ray Bradbury Theatre, onde várias de suas short stories foram transformados em tele filmes, de 1985 a 1992.


The Whispers, naturalmente, irá expandir o conto em inúmeros episódios e temporadas e espera-se que mantenha a essência da escrita deste sensacional escritor de ficção científica.






quarta-feira, 17 de junho de 2015

Bem-vindos a Wayward Pines


O cenário de Wayward Pines pode lembrar Twin Peaks, mas a semelhança fica só aí.
O enredo tem cara de Lost: os mistérios, segredos e joguinhos que te deixam pensando se aquela é a realidade, ou uma dimensão paralela, ou os personagens estão mortos, ou eu estou morta e não percebi?
Mas depois de assistir ao quinto episódio, respirei aliviada: o mistério começa a ser desvendado aos poucos, resta saber se a revelação é verdadeira ou se todo mundo está sendo enganado.
Inspirada nos livros com o mesmo título, de Blake Crouch (já corri pra comprar o primeiro volume) tem M. Night Shyamalan na produção executiva, que também dirigiu o piloto.
Matt Dilon, agente do Serviço Secreto, sai em busca de dois parceiros desaparecidos, envolve-se em um acidente de carro e acorda num hospital de Wayward Pines, cidadezinha prá lá de esquisita.
A partir disso, começa o jogo, façam suas apostas!



Bosch, o tira durão


A produção de Bosch, pelo site de streaming Amazon, trouxe de volta a série policial de raiz, o tira durão e competente, mas que tem no fundo, um coração bobo e maleável - lembra um pouco Clint Eastwood.
Titus Welliver já fez dezenas de participações secundárias e agora como personagem principal, saiu-se bem, convenceu.
Baseada em 19 livros de sucesso publicados entre 1992 e 2014, escritos por Michael Connelly, a série apresentou sua primeira temporada com 10 episódios e já foi renovada.
Harry Bosch é um detetive da Homicídios de Los Angeles, sofre um processo por ter atirado fatalmente em um suspeito e o primeiro caso que acompanhamos com ele inicia-se com a descoberta de vários ossos de um adolescente, supostamente eliminado por um serial killer.
Nada muito sensacional, mas a história é narrada de forma enxuta, inteligente e dando vida a todos os personagens, mesmo aqueles considerados menos importantes, ou seja, existe uma estrela, mas ela não brilha sozinha.
Há diálogos bem humorados também, isso costuma logo me conquistar. Estava sentindo falta de uma investigação policial liderada por um detetive marrento.

Detalhe: quem assistir ao piloto, vai notar que a promotoria do julgamento de Bosch é representada pela advogada Sunny Chandler (Amy Price-Francis). No segundo episódio, ela desaparece, dando lugar a Mimi Rogers, sem nenhum tipo de explicação.
Outra difeença: no piloto, Bosch fuma como uma chaminé, quase não há cenas em que ele não esteja com um cigarro na mão ou entre os lábios. No segundo episódio, ele quase não fuma, demonstra estar tentando parar, chega a acender um e logo apagá-lo e também vira filão.



Explicado o mistério da "troca de advogadas"!
Existe um piloto feito em fevereiro de 2014 com a Amy Price-Francis e um primeiro episódio de 2015, igual, mesmo nome, mas regravado, com a Mimi Rogers.

Ficou assim, então:


                                           Piloto produzido em 2014



                                       Primeiro episódio, regravação do piloto acima

De qualquer forma, não encontrei o motivo da troca, mas como muito tempo transcorreu entre o piloto e a estreia, muita coisa pode ter rolado.
Particularmente, gostei mais da primeira advogada de acusação, mais malévola!

Curiosidade
O nome do personagem é Hieronymus Bosch, em homenagem ao famoso artista holandês que viveu no século 15, as pinturas dele são surreais, vale a pena conhecer. Depois, o policial foi apelidado de Harry, e acabou conhecido como Harry Bosch.

          
                   O Jardim das Delicias (Museu do Prado, Madrid), pintado por Hieronymus Bosch

sexta-feira, 12 de junho de 2015

IZombie - dos quadrinhos pra TV


IZombie - primeira temporada, 13 episódios.
Vi uma parte do piloto e não gostei muito, coloquei no freezer (acho que estava azeda - eu, e não a série).
Há 2 dias resolvi dar uma segunda chance, e me apaixonei, vi toda a temporada e rindo muito, com todos os personagens, inclusive os vilões! Trata-se de uma história diferente sobre zumbis: a heroína trabalha como legista num necrotério para ter acesso aos cérebros que necessita para manter-se passiva e quando os come, assume algumas características dos falecidos, além de ter visões que ajudam a esclarecer crimes junto à polícia local.
É uma adaptação de quadrinhos, e possivelmente por isso tenha esse clima leve, engraçado e ágil dos gibis, mesmo sendo um drama sombrio. Há muitas citações nos diálogos, que são inteligentes e, geralmente, hilários.