sábado, 27 de julho de 2013

Orange Is The New Black

Acabei de assistir (em 24 horas) aos 13 capítulos de Orange Is The New Black, novíssima série da Netflix (não assinou ainda? boa e barata, difícil de acreditar, mas existe).
A história transcorre dentro de uma prisão feminina e tem a autoria de Jenji Kohan, a criadora de Weeds - podem esperar o mesmo humor inteligente e ácido.
Piper Chapman (Taylor Schilling) é presa 10 anos depois de ser a mula de Alex Vause (Laura Prepon, a lindona de That's 70 Show), também sua amante. Levando outra vida e noiva de Larry Bloom (Jason Biggs, o eterno "Jim American Pie"), ela tem que largar tudo e ir cumprir sua pena.
As detentas fazem o show, há uma enorme variedade de tipos, dramas e muito humor.
Agora é aguardar a próxima temporada, o sofrimento de quem é ligado em séries!

"You've Got Time" - música bacana de abertura da série:

Vinyan

Quando penso que nenhum filme mais irá me surpreender, surge um!
Não é um filme de horror, mas um drama sobre a obsessão: um casal perde o filho durante o tsunami na Tailândia, mas é possível também que ele tenha sido raptado e vendido.
Fotografia maravilhosa, além da história ímpar.
O título em português é tolo (Espíritos Condenados), prefiro o original, Vinyan.
Muita gente não entendeu o final, achei até óbvio, estava previsível bem antes dele acontecer. Mesmo assim, é chocante.
Assisti pela Netflix, aliás, tenho encontrado bons filmes no acervo deles.

 

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Vítimas

Hoje assisti a um filme de supense/horror, classificado como B, chamado Victim e com o patétito título em português de Meu Passado me Condena, produzido em 2010. Pesquisando mais detalhes sobre ele, fiquei sabendo que em 1961, foi realizado outro filme com o mesmo nome e com a mesma versão do título, mas com enredo bem diferente.

"Feito em 1961, pelo diretor inglês Basil Dearden (1911-1971), é um dos primeiros filmes a falar abertamente sobre homossexualismo. Com a impressionante característica de que, na época, homossexualismo era crime na Grã-Bretanha, crime que dava cadeia, e era considerado tão grave – como diz um personagem – quanto assalto com violência." Fiquei muito interessada em vê-lo também, pelo tema e pela participação do ator Dirk Bogarde. Mais detalhes aqui.

Mas voltando ao primeiro filme, é uma interessante história de suspense e há algumas cenas um tanto escatológicas, mas o que me surpreendeu, à medida que ia assistindo, é que ela ia ficando muito parecida com a narrada em A Pele que Habito, do Almodóvar, filme realizado em 2011, logo, um ano após o Victim. Não quero entrar em detalhes para não eliminar a surpresa, apesar de que não a senti muito, já que havia visto o filme do espanhol e fui reconhecendo a trama, à medida que a película avançava.

 

Não posso afirmar com certeza que Almodóvar copiou a história ou inspirou-se nela, mas vendo os dois filmes, percebe-se imediatamente o mesmo foco e a mesma sequência de fatos, com ligeiras diferenças. Porém, há cenas idênticas. Claro que o diretor espanhol colocou a sua marca especial na obra, mas o que estou alertando aqui é que sua trama não é original. E Victim, apesar de ser rotulado como um filme de horror B, é uma boa realização, com atores talentosos, mesmo que quase desconhecidos.

 

 Confiram e opinem!

sábado, 1 de junho de 2013

Fantaspoa 2013

Fantaspoa é um festival de cinema fantástico que acontece anualmente em Porto Alegre/RS.
Para saber mais sobre ele, leia aqui: Fantaspoa 2012 - uma porta para o inesperado

A edição desse ano não apresentou muitos títulos atraentes para mim, acho que a seleção continha muitos trashs & podreiras. Não sou contra o gênero, mas como disse anteriormente, penso que ele foi excessivo na programação.

Comentarei dois filmes que me agradaram, o primeiro deles, fantástico e o segundo, uma crítica à banalização do assassinato.

The Human Race/2012/Horror/Ficção Científica/EUA - 90 min - Direção: Paul Hough

Imagine que você está na rua, cumprindo suas rotinas diárias ou apenas tomando um pouco de sol e de repente, sem qualquer aviso ou explicação lógica, está num lugar dsconhecido, participando de uma corrida onde tem que lutar por sua vida.
80 pessoas participam dela e em suas cabeças ouvem as regras: "se você pisar na grama, morrerá; se você desviar do caminho, morrerá. Corra ou morrerá."
Não há tempo para tentar descobrir o que aconteceu, é preciso correr e correr. Algumas dessas pessoas estão acompanhadas, outras, sem ninguém com quem dividir a dor. Há velhos, crianças, uma grávida, psicopatas e solidários.
O final é surpreendente, claro que não vou revelar. Valeu a pena esperar por ele, não me decepcionou.



Canibal Vegetariano/2012/Horror/Drama/Croácia - 85 min - Direção: Branko Schmidt

Danko é um ginecologista ambicioso e imoral.
Ética é uma palavra que não consta no seu vocabulário, ele quer tornar-se diretor da clínica onde trabalha e faz qualquer coisa para atingir seu objetivo.
Paradoxalmente, é vegetariano, enquanto seus colegas de crimes deliciam-se com pedaços de carne, ele alimenta-se com pratos saudáveis, cheios de folhas, legumes e cereais.
É extremamente cuidadoso com sua saúde física e mental, mas, moralmente é um zero à esquerda.
Isso ajuda a derrubar o mito de que "vegetarianos são pessoas boazinhas"...
Descubram tudo o que Danko faz para "subir na vida" e tenho certeza que muitos agem dessa forma (ou muito semelhante) na vida real!

Aqui dá para assisti-lo, completo,  com legendas em inglês:

 

Curioso foi assistir a uma versão rara de Godzilla: "Usando a colorização Spectrorama 70, Luigi Cozzi nos traz sua versão colorizada deste clássico. Além disso, utilizou uma trilha sonora original, cenas de outros filmes e de noticiários, criando uma nova versão deste filme. A única cópia conhecida do filme, a ser apresentada no Fantaspoa, é uma gravação de uma exibição na TV italiana, do acervo do próprio diretor."
É uma cópia da televisão mesmo, pudemos assistir até aos comerciais dos intervalos... rs
Particularmente, detesto filmes antigos colorizados, mas não pude deixar de conferir o resultado final desta versão.

 

sexta-feira, 15 de março de 2013

Django, o ex-escravo herói de Tarantino

Ontem assisti a Django, uma produção cinematográfica onde Tarantino reinventa, revitaliza e ressuscita o gênero faroeste (far, far west, baby!). Duas horas e 45 minutos de emoção, nenhum segundo de tédio. Não era comédia, mas ri muito; era um drama, mas não chorei, fiquei tensa. Enfim, um filme de mocinhos e bandidos, com os clássicos diálogos imensos e a costumeira violência e sangue esguichando por todos os lados - marcas da produção do realizador. Mas não é só isso, é claro. A relação de negros e brancos nos EUA da escravatura e do racismo (principalmente no Mississipi), dois anos antes de estourar a Guerra Civil, é mostrada de forma cruel, satírica e, muitos dizem, nada politicamente correta. A crítica alega que não haveria necessidade de mostrar tanto sangue e tripas e nem de falar a palavra criolo de 5 em 5 minutos, mas aí - desculpem - não seria um legítimo Tarantino!


O diretor investiu no "faroeste espaguete, subgênero mais violento, desenvolvido principalmente na Itália, em que o herói (ou anti-herói) é movido por motivos menos nobres, como vingança e fortuna."
O nome do personagem principal, encarnado em corpo e alma por Jamie Foxx, é uma alusão a "Django" (1966), filme de Sergio Corbucci estrelado por Franco Nero, que faz uma participação especial.
A música tema, que abre o filme, também lembra os bang-bangs italianos. Fonte: UOL Entretenimento/Cinema

                                 
A famosa sequência em que o Django de Franco Nero enfrenta membros da Ku Klux Klan usando a metralhadora que guarda em um caixão.

Samuel Lee Jackson, perfeito no papel do negro puxa-saco do sinhô, diz numa entrevista: "Conheço muito bem o Sul e gosto dele. Tenho um bom conhecimento da escravatura. Os americanos esqueceram-se que quando os cowboys exterminavam os índios, a escravatura era a coluna vertebral da economia do país, com as plantações de algodão e tabaco, os campos de cana de açúcar. Era trabalho forçado com uma maioria de negros mantidos prisioneiros por uma minoria de brancos. É o que mostra o nosso filme. Pergunta-se muitas vezes como os brancos puderam manter sob o seu jugo os seus escravos, que estavam em maioria numérica. Simplesmente pelo terror e pela intimidação!" Fonte: Revista Forum


Reunião estratégica entre o escravo puxa-saco e alcaguete e o mimado senhor: segundo o chefão, os negros não pensam mas ele é conduzido por um!


Essa declaração remete à cena antológica em que o sinhô Calvin Candie (Leonardo DiCaprio, já totalmente livre do fantasma do Titanic), nos dá uma aula de frenologia (teoria desenvolvida por volta de 1800, que admitia ser possível a determinação do caráter, características da personalidade, e grau de criminalidade pela forma da cabeça - lendo "caroços ou protuberâncias"; hoje - ainda bem - classificada como pseudociência). Com um crânio nas mãos, tal qual um Hamlet enlouquecido, ele tenta provar que os negros nasceram para ser dominados. Segundo ele, por isso não revoltavam-se, cumpriam o seu destino, escrito na constituiçã física. Fiquei com dúvidas a respeito da sanidade do sinhô, que era dirigido pelo Pai Tomás a tiracolo, admirava seres humanos matando-se em combates violentos corpo a corpo no chão da sua sala sofisticada e que parecia manter relações incestuosas com a irmã sinházinha. Doentes deviam ser todos por ali, imaginem o estrago que o excesso de consumo de açúcar fazia numa plantation de cana, o diabetes corria solto! Para informar-se: Sugar Blues - O gosto amargo do açúcar


                                         To be or not to be?

Outra dúvida me assaltou: O deputado e pastor de ovelhas humanas, Marco Feliciano, presidente da Comissão de Direitos Humanos, seria também um adepto e admirador dessa pseudociência, para embasar sua antipatia pela raça negra? Oremos!

Cena que, certamente, vai se tornar cult, é a que aborda um ataque da Ku Klux Klan, onde o motivo principal de uma discussão entre os membros do grupo é a funcionalidade do saco com dois furos que usam na cabeça. Cria-se um diálogo doido e hilário, dá para entender porque o filme ganhou o Oscar de roteiro original, Tarantino escreve genialmente e seus diálogos são inimitáveis. Aliás, o cineasta tem sua participação tradicional, atuando em uma cena que tem um final bombástico.



Dá pra enxergar o caminho, no escuro e com um saco toscamente perfurado na cabeça?

E quando pensamos que Django é, basicamente, uma história de amor - Siegfried precisa libertar sua amada Brunhilde -  percebemos que é esse sentimento que comanda a vida dos seres humanos - o próprio ódio é uma distorção do amor. Amor e ódio caminham juntos pelas pradarias e rochedos dos EUA e Django é pleno de ambos. Não poderia encerrar o post sem falar sobre o dr. King Schultz (Christoph Waltz, vencedor do Oscar de melhor ator coadjuvante), um filósofo realista, e ao mesmo tempo, sonhador, que não resiste a matar os homens maus. Ele liberta Django inteiramente: o físico, a mente e alma do escravo. O Mestre encontra o Discípulo no momento oportuno - estava escrito nas estrelas essa colisão.


O doutor alemão e o escravo negro liberto - uma dupla inusitada.   
Cristoph Waltz e Jamie Foxx, afinadíssimos.

Django (Django Livre, no Brasil... arghhhh)  merecia ter levado mais Oscars; filmes menos marcantes já paparam quase todas as estatuetas de uma vez só. Ainda não assisti aos demais oscarizados deste ano, mas  Django já me conquistou plenamente.


E pra quem gostou do filme e também curte quadrinhos, um presentão - a graphic novel DJANGO UNCHAINED - cinco volumes pra baixar e esbaldar-se (por enquanto, somente em inglês): Django Unchained/Graphic Novel

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Cópia Fiel

Cópia Fiel (Certified Copy/Copie Conforme/2010, de Abbas Kiarostami, com Juliette Binoche e William Shimell) é um filme lento e suave. As cenas iniciais são vagarosas e podem até afastar o espectador menos paciente, mas vale a pena esperar pelo que vem adiante. Assim como existem a obra original e a cópia, o filme brinca com a realidade e a ficção. Há momentos em que ficamos com dúvidas sobre o que é fantasia e o que é real, mas depois entramos no jogo dos personagens e é delicioso brincar dessa forma.
Juliette Binoche, além de linda, atua com perfeição, lida naturalmente com a câmera e nos seduz com sua voz quente, entoada em três idiomas. Ela é o filme, não há filme sem a sua presença ora doce, ora eloquente ou zangada, ora amorosa, sensual, dramática. Vamos nos identificando com os diálogos que os dois criam, são palavras que já dissemos a alguém em algum momento. As situações do casal são cotidianas mas tão bem articuladas que tornam-se preciosas na sua simplicidade. Sem esquecer a beleza da região da Toscana, ensolarada, verde e florida.
No livro que William Shimell escreveu, ele diz que cópias têm tanto valor quanto o original. Dessa forma, a história desenrola-se, com os personagens assumindo seus papéis ordinários e inventando outros, que gostariam que fossem tão reais quanto os primeiros. Há diferença entre eles, quando ambos podem coexistir e ambos podem fazer o casal emocionar-se? Li algumas críticas que citam o filme de Rossellini, Viagem à Itália (1953), como tendo paralelos com Cópia Fiel, como não o assisti fiquei curiosa e já o coloquei na minha lista de prioridades cinematográficas.
Cópia Fiel é filme para ser visto muitas vezes, a cada novo olhar descobrimos detalhes não observados e absorvemos ainda mais as frases ditas pelo casal, procurando sinais do original e da imitação e percebendo que eles acabam fundindo-se em algumas ocasiões e nos deixando confusos, mas encantados. A cena final no hotel foi a mais romântica que vi no cinema, o texto de Juliette, comovente, nunca houve tanta sensualidade e amor num encontro onde duas pessoas mantiveram-se distantes fisicamente. Apenas o movimento da mão dela sobre a colcha da cama parece simular a necessidade desse contato, de uma forma tão tímida e, ao mesmo tempo, tão convidativa.
Apesar de ter um papel secundário no filme, o filho de Juliette (Adrian Moore) apresenta uma interpretação que revela-se importante na trama, o jovem esperto que quer ganhar do adulto de qualquer jeito, ficar com a palavra final, que observa tudo embora absorto em suas atividades - a relação deles também nos faz sentir intimidade com algo ocorrido em nossas vidas, seja quando fomos adolescentes ou se tivemos filhos que atravessaram essa fase. O envolvimento entre mãe e filho é significativo para que o casal construa seu castelo de sonhos, já que o garoto faz parte da suposta visão que influenciou Willliam a escrever o livro, objeto de ligação de todos e de tudo na película.

Não entendeu nada quem rotulou o filme como uma comédia romântica.

 
           Juliette enfeita-se para agradar ao "marido".


       
           Ela e o flho não caminham juntos.



          Tudo agita-se quando eles começam a encenação.




           Doce e romântica sedução, a mais bela de todas.



         Viagem á Itália (1953) -  um paralelo?